Durante as conversas é comum as mães estabelecerem um
certo paralelo entre os próprios filhos e os das amigas, à medida que eles vão
crescendo.
Dona Lucilia nunca o fez, nem sequer quando, anos
depois Plinio se tornou o deputado mais jovem e mais votado do Brasil. Desejava
que as almas dos filhos fossem transparentes como fino cristal, livres das imperfeições
e apegos causados pelo vício da vaidade.
Mesmo quando outras pessoas louvavam muito os próprios
parentes, proporcionando-lhe assim o ensejo de fazer o mesmo em relação aos seus,
guardava silêncio, ouvindo tudo com polidez e atenção.
Esse elevado modo de proceder, além de proteger seus
filhos contra o amor-próprio, criava nas almas deles obstáculos à inveja,
triste tendêñcia presente em todos os homens.
Dona Lucilia só concedia em comparar seus filhos com
outros quando, ao passar um pito neles, necessitava mencionar o caso de alguma
criança que, naquele ponto, procedia bem.
E se na intimidade, Rosée e Plinio criticavam a
alguma outra criança de sua geração, apontando reais defeitos, dona Lucilia
logo cortava:
— Vocês não têm pena? Tenham pena. Rezem por
ele e peçam a Deus que preserve a vocês
desse mal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário