Continuação do post anterior
O papel da dor
Esse bem-estar da
seriedade e da virtude ela levava mais longe ainda, apresentando-o dentro da
dor. Porque o aspecto pelo qual a seriedade horripila é por ser um longo
corredor à meia-luz, que dá no fundo para um pátio intensamente iluminado, mas
que tem no centro a Santa Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Como eu gosto que a cruz
exista em nossas sedes: preta e com os instrumentos da Paixão! Porque é aonde a
seriedade conduz. Sofre-se e é preciso receber o sofrimento, aguentá-lo sobre
os ombros, osculá-lo como Nosso Senhor osculou sua Cruz, e depois carregá-lo.
Isso mamãe fazia de modo
exímio, com tanta seriedade, que era uma coisa incrível. Mas uma seriedade tão
doce, como se vê naquele quadrinho 1. É, evidentemente, uma pessoa muito sofrida,
mas com quanta suavidade! Eu preferiria um ano desse sofrimento a uma hora de
nervosismos contemporâneos.
Compreende-se que eu,
muito analítico, se não encontrava nela um pensamento explícito — a não ser em
forma muito verdadeira, muito respeitável, mas muito doméstica —, entretanto,
presenciava um modo de ser que era o dela.
Ao analisá-la, mas
milímetro por milímetro, só encontrava coerência, retidões e luzes. É fácil
imaginar como isso pode ter-me influenciado.
Fico contente até os
bordos se o que eu acabo de dizer os tiver ajudado a compreenderem como vale a
pena sair de dentro do picadeiro de circo de cavalinhos do relativismo, da
torcida, dos nervosismos e das brincadeiras, para entrar nos sacrários da
seriedade.
Plinio Correa de
Oliveira – Extraído de conferência de 7/2/1982
1)
Quadro a óleo, que muito agradou a Dr. Plinio, pintado por um de seus
discípulos, com base nas últimas fotografias de Dona Lucília.
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