Um
dia em que Dr. Plinio jantava só com sua mãe, embevecendo-se com as palavras,
os gestos e a atitude dela, uma singular consideração lhe passou pelo espírito.
Emocionado, ele recordará:
O
melhor não estava na conversa... Estava na presença dela! E, portanto, eu
mantinha a prosa quase por polidez, para poder me regalar com sua presença.
Passou-me de súbito pela mente esta reflexão: como as circunstâncias do mundo
de hoje tendem a tornar cada vez mais raro que haja mãe e filho que se queiram
tão bem como nós dois! E como é difícil haver mãe como ela!
Lembrei-me,
então, do convívio que tivéramos tantas vezes naquela sala. Dada a raridade
desse relacionamento, desse ambiente, naturalmente me veio ao espírito o
seguinte: qual será o desígnio da Providência a respeito de nós dois? Aqui está
uma sala onde estamos, a sós, uma velha mãe e um filho, homem já maduro.
Passa-se rapidamente da maturidade para a velhice, e desta para a morte. O
tempo traga tudo. Não acontecerá que antes do período normal a Providência
determine de nos levar embora, tirar-nos desta vida, a ela e a mim? E assim os
fatos se passarem como se um tufão entrasse nesta sala de jantar e nos arrastasse?
E
então se extinguiria este último torrãozinho onde, como em poucos lugares do
mundo de hoje, havia um filho que queria sua mãe tanto quanto podia, e a mãe o
merecia com uma abundância e uma amplitude difíceis de calcular... E uma mãe
que queria bem a seu filho com todo o coração.
Esta
salinha de jantar é um dos poucos torrõezinhos no qual Nossa Senhora ainda
conserva um resto de seu reinado sobre os corações. Neste mundo em que tudo
quanto é d’Ela vai sendo destruído, será que a Providência permitirá dissolver-se
ao vento também tais torrõezinhos?...
Enfim,
cogitações mais ou menos melancólicas como estas me passavam pela mente, e para
elas eu não tinha resposta...
Transcrito, com adaptações da obra “Dona Lucilia”, de Mons. João S. Clá Dias
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