É essa missiva mais um eloquente
testemunho, por suas inflamadas palavras de amor de Deus, de como a educação
dada por Dª Lucilia produzira na alma de Dr. Plinio abundantes e benéficos
efeitos:
Manguinha querida, de meu coração!
Então, no momento em que a Sra. ler
esta carta, seu Filhão estará em Roma!
Esta viagem é fruto de longas
reflexões. Não a faço para me divertir. Pelo contrário, no estado de cansaço em
que estou, eu de boa mente preferiria ficar-me por aqui, sem me sobrecarregar
com todas as ocupações e preocupações que em Roma terei. Mas (...), colocando o
dever acima de tudo — máxime o dever para com a Santa Igreja — resolvi partir.
A Sra. bem compreenderá, meu Amor,
quanto me pesa deixá-la, ainda que seja só por uns 15 ou 20 dias. Esteja certa
de que eu jamais faria esta viagem por prazer. Mas, ainda uma vez, a Religião
está acima de tudo. Por isto, meu bem, por mais dolorosa que lhe seja esta
separação de umas tantas semanas, a Sra. deve alegrar-se. Com efeito, deve
enchê-la de júbilo que Nossa Senhora se sirva de seu Filhão para algo. E, se a
isto estou apto, é em grande medida pela influência que a Sra. exerceu sobre
mim, a educação que a Sra. me deu, e o espírito religioso que me incutiu desde
tão cedo. Ofereça, pois, a Nossa Senhora o sacrifício dessa separação, para que
seja bem sucedido o esforço.
Algumas semanas passam logo, Luzinha.
Pense, pois, na alegria da volta, e cuide bem de sua saúde, para que eu possa
encontrar minha Lú fortezinha, alegrinha, pimpona, a me esperar. A Sra. bem
sabe, pelo imenso bem que lhe quero, que valor dou à sua saúde, e toda a
alegria que terei em encontrá-la forte e lindinha.
Reze muito por mim, e aceite mil e mil
beijos do filho que com todo o afeto e respeito lhe pede a bênção
Plinio
PS: escreva-me logo, dizendo-me como
vai, etc., etc., naquela letra tão bonita, que gosto tanto de ler. Quero saber
tudo a respeito de minha Luzinha do coração.
Terminada a leitura, Dª Lucilia dobra
com cuidado a tão carinhosa carta e num primeiro momento a coloca aos pés da
imagem do Divino Redentor, iniciando pela viagem de seu filho piedosas e
empenhadas orações. Oferece novamente com generosidade ao Sagrado Coração de
Jesus o sacrifício da longa separação, mais difícil de suportar agora pela
ausência de seu esposo, e pela já tão avançada idade.
A vista um tanto diminuída e o
reumatismo nas mãos exigiam dela não pequeno esforço e bastante tempo para, com
“aquela letra tão bonita” que tanto agradava a seu filho, redigir uma resposta.
Entretanto, esse incômodo era compensado pelo gosto de manter, através daquelas
linhas, o convívio com ele.
Continua no próximo post
Nenhum comentário:
Postar um comentário