Em Dona Lucilia havia duas qualidades que pareciam
antitéticas, mas se completavam muito bem. Ela era muitíssimo carinhosa
enquanto notava em seu filho, ou numa outra criança, a debilidade da infância.
Seu entranhado carinho se debruçava para amparar a criança na sua fragilidade.
Quando menino, Plinio Correa de Oliveira sentia muito que sua debilidade de
criança era uma razão especial para ela o querer bem.
“E não posso dizer quantas vezes eu a vi sorrir a
essa debilidade e como ela a manuseava amavelmente, afavelmente, delicadamente,
ora brincando, gracejando um tanto, ora explicando um pouco o mundo dos mais
velhos, na medida em que uma criança pudesse compreender. E eu me sentia ultra
à vontade com a tradução que ela fazia do mundo dos mais velhos para os mais
novos.
Eu sentia muito isso também nos cuidados dela para
conosco. Mais especialmente, prestava atenção no modo de ela cuidar de mim, é
natural. Quer dizer, cuidados com a saúde, com o corpo, com as maneiras — não
fazer brincadeiras abrutalhadas —, cuidado com tudo. Um cuidado meticuloso e
afetuoso, tudo bem direito, arranjado, como deveria ser, mas de uma observação
benevolente e disposta a sorrir a qualquer pequeno defeito, desde que não
houvesse a insistência nele. A persistência no defeito ela não tolerava.
Por outro lado, sentia muito nela uma espécie de
guindaste: ela me suspendia. Era dotada de uma fortaleza de alma, por onde a
força da convicção dela fortalecia minhas convicções. A retidão de sua conduta
dava-me retidão na minha. A repulsa que ela fazia do mal, do erro e do feio,
fazia-me repudiá-los também.
Eu era um menino muito mole — aliás, pode-se
perceber isso pelas fotografias —, e ela me animava enormemente. Para usar uma
figura da Sagrada Escritura: de um lado, ela apoiava em mim o Jacó, no que este
tinha de delicado em comparação com Esaú; de outro lado, ela preparava em mim o
Jacó que lutaria contra Esaú. Nesse sentido também, fez-me um bem colossal!”
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