No ano de 1905, o Dr.
Antônio Ribeiro dos Santos, conhecido advogado em São Paulo, que havia feito
boa fortuna, preocupava-se com o futuro de suas três filhas solteiras. Resolveu
ter uma conversa séria com a mais velha delas, Lucilia, então com 29 anos.
— Minha filha, se eu
morrer sem você se casar, tocar-lhe-á como herança uma boa quantidade de
dinheiro. Você, porém, irá ficando madura, e o casamento se tornará cada vez
mais difícil. Ora, aqui há esse moço que está trabalhando comigo, o Dr. João
Paulo Corrêa de Oliveira, que manifesta o desejo de se casar com você. Não dou
ordem, mas aconselho que você se case. Ele tem várias qualidades, entre as
quais a de pertencer a uma ilustre família de Pernambuco. É sobrinho do
Conselheiro João Alfredo (homem famoso naquele tempo, pois fora presidente do
Conselho de Ministros do Império, e assinara a Lei Áurea, de 13 de maio de
1888). Terceiro, é de uma inteligência invulgar, e, portanto, talvez faça
fortuna. Insisto, pois, na recomendação de que você aceite a proposta dele.
— Acho que ele é uma
pessoa distinta, não tem dúvida, mas eu preciso pensar melhor — respondeu
Lucilia.
Dr. Antônio ainda
ponderou que o dote a ser levado por ela seria suficiente para o casal
encaminhar a vida. Ele era advogado, podia sair-se bem na carreira, e, para
ela, casar seria mesmo menos inconveniente do que permanecer solteira.
— Mas penso que talvez
fosse melhor eu me tornar freira — volveu Lucilia.
— Bom, talvez... Mas
pense bem no que irá fazer. É verdade que casamento traz desilusões, contudo
você verá que a vida religiosa as traz igualmente. Reflita com mais vagar sobre
o que você deseja antes de decidir.
Lucilia, que nutria um
extraordinário encanto e enlevo pelo pai, na mesma hora lhe respondeu:
— Papai, eu sigo
cegamente o rumo que o senhor me indicar. O que é mesmo que o senhor aconselha?
— Dado você como é, e
como me parece ser o Dr. João Paulo, acho mais acertado casar com ele.
— Está bom, farei
conforme os desejos do senhor.
Matrimônio encarado com
limpidez de olhar
E a jovem Lucilia
cumpriu a palavra. Tornou-se noiva de Dr. João Paulo, e o casamento se realizou
pouco tempo depois.
Desde o início, Dª
Lucilia encarou o estado matrimonial com saliente candura e limpidez de olhar
e, ao mesmo tempo, com elevação de espírito, colocava-se sob o amparo e
proteção da Santíssima Virgem para o perfeito cumprimento de seus deveres de
esposa e mãe.
A vida de dona de casa dará maior profundidade
ao seu espírito sobrenatural, que tomará contornos mais definidos à medida que
problemas, aflições e achaques se multiplicarem. Fiel a seu antigo costume,
juntava as mãos, e com os olhos postos no Sagrado Coração de Jesus, implorava,
por meio de sua querida Madrinha, Nossa Senhora da Penha, amparo e solução.
Continua
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