Em
relação a seus filhos, Dona Lucilia exercera de modo exemplar seu papel de
educadora, dando à religião uma importância primordial.
Quando
ainda muito novos, Plinio e sua irmã foram instruídos no Catecismo por DonaLucilia. A fim de os preparar para a primeira comunhão, ela contava-lhes a
História Sagrada.
Doçura penetrante de carinho
Certa
vez, durante esta preparação, Dona Lucilia falava especialmente da doçura de
Nosso Senhor Jesus Cristo e de Nossa Senhora. Ela lhes apresentava esta doçura
penetrante de carinho, de afabilidade,
de bondade.
Sem
dizer explicitamente, quando ela falava da bondade d’Ele, dava-lhes a ideia de uma bondade majestosa, a qual supera qualquer majestade terrena.
Em
suas narrações, tudo
quanto Nosso Senhor fazia era de
modo sereno, cheio de significado,
medido com uma sabedoria que
transcendia, de longe, qualquer sabedoria criada. Ora ela acentuava a bondade,
ora a superioridade absoluta d’Ele. Porém sempre com uma nota — a qual, aliás,
corresponde ao Evangelho — de tristeza. A Paixão nunca estava ausente de suas
narrações.
Uma Terra Santa lendária
Ela
imaginava a Terra Santa um pouco lendariamente. Para ela, deserto da Palestina,
por exemplo, era como o Saara, quando, na verdade, os desertos da Terra Santa,
senão raras vezes, tem a poesia deste outro. Quando ela dizia “Mar de
Tiberíades” tinha-se a impressão de estar vendo as ondas se formando naquele
mar. Os personagens do Antigo Testamento eram apresentados por ela como
profetas grandiosos, menos doces do que categóricos, como os profetas de
Aleijadinho.
As aulas de catecismo
Além
das aulas que ela dava a seus filhos em casa, providenciou que o Monsenhor Marcondes Pedrosa, pároco da
igreja de Santa Cecília, paróquia à qual
pertenciam, ministrasse aulas de catecismo. Estas aulas eram particulares. De maneira
que duas ou três vezes por semana iam à
paróquia, onde Monsenhor ensinava-lhes o catecismo especialmente. Ela teve
sempre muito cuidado nisso. Entretanto estas não foram as principais
contribuições dela para a boa formação de seus filhos. Inscrevê-los no curso de
catecismo, dar ela mesmo algumas aulas, isto toda boa mãe fazia. O principal era, entretanto, o que
transparecia no contato com ela. Nesse convívio sentia-se todas as excelências
morais que ela possuía: amor, calma, dignidade, afeto, seriedade, etc. Isto
atraía muito seus filhos.
“Eu prefiro mamãe”
Um fato
que transparece o quanto seu filho a admirava e era por ela atraído. Certa vez,
ele adoeceu e foi obrigado a acamar-se. Estava muito aborrecido por ter de
ficar de cama, o que para uma criança não é nada agradável... Dona Lucilia foi
visitá-lo juntamente com uma irmã dela, Dona Zili. As duas se aproximaram de
sua cama e a mãe lhe disse:
— Olha, Zili está com o tempo livre e pode cuidar de
você. Eu também tenho tempo livre, de maneira que você veja qual das duas você
prefere.
A sua tia era muito mais nova do que ela, muito viva, engraçada,
contava coisas interessantes. Plinio olhou para as duas e pensou: “vai ser muito menos pesado recuperar-se ao lado de
uma tia que canta, faz brincadeiras, diz
coisas engraçadas, com ela eu vou ter
muita ocasião de rir e isto vai tornar a minha doença mais leve.” Depois olhou
para a mãe, e os olhos dela o olhavam com uma calma muito plácida. Disse então:
— Tia
Zili, a senhora é uma “vice-mãe” para mim,
mas mãe mesmo é mamãe. Eu prefiro mamãe.
Aos
domingos, iam à missa na igreja do Coração de Jesus. Ela ensinou seus filhos
pelo convívio e exemplo à devoção ao Sagrado Coração de Jesus, à devoção a
Nossa Senhora, a amar a Santa Igreja Católica.
Plinio
Correa de Oliveira -Extraído e adaptado de Conferências de 21/9/82 e 25/7/94
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