Continuação do post anterior
Mas, insisto, era uma
correção intransigente mesclada com tanto afeto que não hesito em afirmar ter
constituído essa postura de Dª Lucilia uma preparação para eu compreender a
superior e insondável misericórdia de Nossa Senhora. Tal ideia se vincou ainda
mais no meu espírito quando pude contemplar a imagem da Mãe do
Bom Conselho de Genazzano.
Chamou-me muito a
atenção a inteira intimidade do Menino Jesus com Nossa Senhora, refletida até
no modo pelo qual Ele envolve com o braço o pescoço d’Ela. E essa efusão de
carinho me trouxe à lembrança a intimidade que eu tinha com minha querida e
saudosa mãe, feita de respeito, cheia de admiração, cumulada de veneração e de
ternura, mas verdadeira intimidade.
E mamãe soube ser
pequena, afável, meiga, quando eu era ainda um menino em tudo dependente dela.
Por isso, desde os primeiros momentos em que comecei a articular palavras, eu a
chamei de “mãezinha”, e por não saber falar direito, eu dizia “manguinha”. Seja
como for, era já a expressão da ideia do que havia nela de miúdo, de
proporcionado ao filho pequeno, de exorável por mim, de compassivo para comigo.
Essa era a noção que despertava em mim o contato com a mansidão e a bondade de
Dª Lucilia.
Clemência para justos e pecadores
Bondade e mansidão
inteiras que me ajudaram a compreender melhor a figura da Mãe do Bom Conselho,
que expressa de maneira tão eloquente a infatigável clemência de Maria.
Dir-se-ia fluir da
imagem um mundo de misericórdias para a alma boa que a contempla, assim como
para a alma do pecador que por Ela não se sente rechaçado nem desclassificado.
Pelo contrário, o semblante materno e acolhedor de Nossa Senhora lhe incute
ânimo e o faz se sentir amparado. Do olhar da Virgem se depreende um imenso
teor de santidade, que convida e encoraja a alma presa de pecados a rezar o “Lembrai-Vos”, a Lhe dizer, gemendo sob o
peso de suas culpas, que n’Ela confia e n’Ela espera a salvação. Maria
Santíssima se mostra então acessível, e oferece ao pecador o contato com sua
insondável bondade.
Entretanto, não sei
deveras se eu teria compreendido assim essa manifestação de clemência da Mãe do
Bom Conselho, se não fosse o exemplo de bondade séria e de intransigência
afetuosa que me foi dado conhecer, ao longo de várias décadas, na pessoa de Dª
Lucilia...
Plinio Corrêa de Oliveira - Extraído de conferências
em 6/5/1968 e 18/6/1968
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