sábado, 21 de fevereiro de 2015

Exemplo de amor materno

O modo de ser, as atitudes, a maneira de falar de Dona Lucilia causaram profunda e duradoura impressão em seu filho. Durante toda a sua vida, Dr. Plinio se recordará de episódios e situações que o deixaram encantado. Acompanhemo-lo em algumas dessas recordações.
Entre Dona Lucilia e mim não havia esse relacionamento mãe-filho tão comum e que poderia ser expresso com um exemplo: ela aproximar-se de mim e dizer-me alguma vez: “Meu filho você deve estar sofrendo com tal coisa...”; e eu responder: “Mas, meu bem! a senhora também...” Isso absolutamente nunca acontecia. Havia de parte a parte uma espécie de pudor nesse ponto.
Presença suave, cerimoniosa e comunicativa
A presença dela me era muitíssimo suave. Eu percebia como mamãe aguentava suas dificuldades, e isto me ajudava a entender o que eu devia fazer para suportar as minhas. Mas julgo que a maior parte dos meus revezes, ela não percebeu, pois estavam inteiramente fora do ângulo de visão dela. Sua vida era de tal maneira segundo outro estilo, que mamãe não tinha possibilidade de compreender certos problemas com os quais me defrontava.
Ela me tratava com carinho, porém sempre mantendo certa distância cerimoniosa. Era um modo de ser próprio à sua família, pelo qual as pessoas se comunicavam muito entre si, sem falar.
Devoção a Nossa Senhora
Na família dela havia devoção a Nossa Senhora da Penha, cujo santuário em São Paulo era considerado como uma fonte de milagres. Em casos de aflição ou coisas semelhantes, era muito frequente as pessoas exclamarem “Nossa Senhora da Penha!” Até quando eu era mocinho, faziam-se promessas de ir a pé até a Penha, para se conseguir algum benefício. Eu mesmo fiz uma promessa de caminhar até lá.
Mamãe foi em moça, já casada, mais de uma vez à Penha. Ela tinha muita devoção a Nossa Senhora, que foi se tornando muito mais saliente à medida em que eu, gota a gota, fui-lhe transmitindo a doutrina da Mediação Universal de Nossa Senhora e considerações sobre Ela.
Falei-lhe sobre o “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, a consagração a Nossa Senhora, mas não a respeito da escravidão, porque ela não entenderia. A diferença de meridiano entre a geração dela e a seguinte é enorme!

Para mamãe, a escravidão se referia, primariamente, à que sofreram os negros e contra a qual o pai dela lutou, porque era um abolicionista; o Dr. João Alfredo, tio de meu pai, trabalhou nesse sentido; e a Princesa Isabel, uma eminente personagem, aboliu a escravidão no Brasil.
Continua no próximo post