quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Palácio de seriedade materna ( cont )

Continuação do post anterior
O papel da dor
Esse bem-estar da seriedade e da virtude ela levava mais longe ainda, apresentando-o dentro da dor. Porque o aspecto pelo qual a seriedade horripila é por ser um longo corredor à meia-luz, que dá no fundo para um pátio intensamente iluminado, mas que tem no centro a Santa Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Como eu gosto que a cruz exista em nossas sedes: preta e com os instrumentos da Paixão! Porque é aonde a seriedade conduz. Sofre-se e é preciso receber o sofrimento, aguentá-lo sobre os ombros, osculá-lo como Nosso Senhor osculou sua Cruz, e depois carregá-lo.
Isso mamãe fazia de modo exímio, com tanta seriedade, que era uma coisa incrível. Mas uma seriedade tão doce, como se vê naquele quadrinho 1. É, evidentemente, uma pessoa muito sofrida, mas com quanta suavidade! Eu preferiria um ano desse sofrimento a uma hora de nervosismos contemporâneos.
Compreende-se que eu, muito analítico, se não encontrava nela um pensamento explícito — a não ser em forma muito verdadeira, muito respeitável, mas muito doméstica —, entretanto, presenciava um modo de ser que era o dela.
Ao analisá-la, mas milímetro por milímetro, só encontrava coerência, retidões e luzes. É fácil imaginar como isso pode ter-me influenciado.
Fico contente até os bordos se o que eu acabo de dizer os tiver ajudado a compreenderem como vale a pena sair de dentro do picadeiro de circo de cavalinhos do relativismo, da torcida, dos nervosismos e das brincadeiras, para entrar nos sacrários da seriedade.

Plinio Correa de Oliveira – Extraído de conferência de 7/2/1982
1) Quadro a óleo, que muito agradou a Dr. Plinio, pintado por um de seus discípulos, com base nas últimas fotografias de Dona Lucília.