Certo dia estavam Dª
Lucilia e seu esposo na sala de jantar, contemplando as belezas do entardecer,
que na cidade de São Paulo se reveste com frequência de esplêndidos coloridos.
Mas ela não se limitava a apreciar do ponto de vista natural a vivacidade
cambiante das cores ígneas com as quais o sol, em seu declínio lento e
majestoso, ia pintando os tufos de nuvens, na aparência espalhados no céu por
mãos invisíveis. Seu espírito logo se elevava a considerações de ordem
sobrenatural. E essa cena lhe trouxe à mente quão próximos estavam, ela e seu
esposo, do ocaso da vida terrena e da aurora da eternidade. Fez-lhe então a
seguinte proposta:
— João Paulo, vamos
fazer um trato?... Já estamos idosos e não sabemos quem de nós vai ficar só.
Aquele que restar reza pelo outro uma Ave-Maria, todas as tardes, diante do
pôr-do-sol.
Dr. João Paulo
aquiesceu. Seria ele o grande beneficiado desse acordo, pois em breve
terminariam seus dias, e ela cumpriria fielmente a promessa até o fim de sua
vida.
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