quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Suavidade, intransigência, admiração


Durante toda a vida, as características da mãe ideal brilhavam no semblante e no modo de ser de Dona Lucilia. Por meio de longa formação, que constituiu a obra de sua existência terrena, ela preparou seus filhos para corresponderem com generosidade à ação santificante da Igreja de Deus.

Ela lhes ensinava a compreender e amar a fundamental importância da suavidade e da doçura no convívio humano. Quando duas ou mais pessoas têm afinidade entre si, sentem-se mutuamente atraídas por um movimento cheio de benevolência. Esta é a substância da amizade, que não será real e autêntica se estiverem ausentes o amor de Deus, a ternura, a afabilidade, a paciência e a compaixão.

É preciso ter conhecido Dona Lucilia para avaliar o quanto sua alma estava distante de qual quer ressentimento ou desejo de vingança. Nunca tisnou sua bela alma o mais leve movimento de alegria pelo mal ocorrido a alguém. Sua amizade, uma vez concedida, jamais era rompida, e a compaixão para com os sofredores tinha toda a amplitude aconselhada pelo Divino Salvador nos Evangelhos.

Assim, foi a suavidade uma das primeiras virtudes que Dona Lucilia, de forma modelar, procurava transmitir a quem dela se aproximava.

Outro exemplo perfeito, a se destacar no belo jardim de suas qualidades, era o da intransigência face ao mal, que se manifestava sob as mais varia das formas segundo as circunstâncias. Assim, ao corrigir os filhos por alguma falta, como anteriormente se referiu, empenhava-se em lhes mostrar a gravidade do ato praticado, salientando o quanto aquilo ofendia a Deus, de modo a incutir-lhes um profundo horror ao pecado.

De outro lado, por sua fidelidade aos Princípios católicos, rejeitava o espírito de tolerância que ia-se introduzindo na mentalidade de seus contemporâneos. Razão pela qual, estando Dona Lucilia presente numa conversa, nunca deixava passar sem reparos alguma crítica à Santa Igreja ou à Religião. Este não transigir face ao mal foi outro tesouro por ela legado a seus tão queridos filhos.

Além disso, Dona Lucilia tinha o grande mérito de saber admirar os predicados do próximo, sugerindo a Rosée e a Plinio, pelo inconfundível e atraente exemplo que dava, procederem desse modo. Com frequência, o dinamismo de seu contentamento se voltava todo para a exaltação dos talentos alheios. Em contrapartida, não se comparava com ninguém, nunca se referia a algum elogio que tivesse recebido, nem procurava chamar a atenção, mesmo que indiretamente, para alguma qualidade própria ou de seus filhos.

Essa atitude de alma, rara em nossos dias, ela a preservava ciosamente.

Ressaltar os dons por Deus concedidos a outras crianças era uma constante em Dona Lucilia, ainda quando os outros pais fingissem não perceber o valor de Rosée e de Plinio. Se uma criança, dizia algo que revelasse brilho de tudo, bom caráter, ela se tomava de alegria e não deixava de realçar, diante dos adultos, tais dotes.

(Transcrito, com adaptações, da obra “Dona Lucilia”, de João S. Clá Dias)

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