domingo, 16 de março de 2014

“Não, meu filho, eu não queria incomodar ninguém...”

Atos de abnegação, pequenos sofrimentos placidamente aceitos, inúmeros gestos de bondade e de paciência, foram alguns marcos de luz que continuaram a pontilhar a existência quotidiana de Dª Lucilia em seu apartamento da Rua Alagoas.
Certa noite, caiu do leito ao mudar de posição, pois seus movimentos estavam já bastante dificultados. Apoiando-se na cama, procurou em vão pôr-se de pé, e o ruído natural daquele esforço acordou a empregada, que dormia no quarto vizinho. Esta logo acorreu e, não sendo suficientemente forte para erguer Dª Lucilia, foi solicitar o auxílio de Dr. Plinio.
Ao entrar no quarto de sua mãe, ele a encontrou tentando ainda, com pertinácia, levantar-se sozinha, sem demonstrar qualquer aflição ou nervosismo por não o conseguir. Com todo o cuidado, ele a reergueu, acomodando-a no leito. Depois, num tom impregnado de afeto, perguntou-lhe:
— Mas, meu bem, por que a senhora não me chamou imediatamente?
Com toda a mansidão e naturalidade, ela respondeu:

— Não, meu filho, eu não queria incomodar ninguém...

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