terça-feira, 15 de julho de 2014

Sempre preocupada em fazer o bem

Por ocasião das refeições que Dr. Plinio tomava com alguns de seus conhecidos mais próximos, quando estes viam entrar Dª Lucilia, levantavam-se para cumprimentá-la. Instalada sempre no mesmo local, percorria com o olhar toda a sala, e assim que a conversa permitisse uma interrupção, voltava-se para Dr. Plinio:
— Meu filho, você já convidou seus amigos para jantar?
— Eles já jantaram, mamãe.
Para tranquilizá-la ainda mais, alguns diziam:
— Não se preocupe, Dª Lucilia, nós já jantamos.
Mas, julgando que respondiam por mera amabilidade, ela não hesitava em tocar a sineta e dizer:
— Mirene, estes senhores que estão visitando Dr. Plinio vão jantar aqui. Você quer preparar a mesa?
Era necessário então que eles reafirmassem de modo ainda mais categórico que já haviam jantado. Ela, porém, não se deixando derrotar nessa pequena contenda de cortesia, após um instante fazia soar novamente a sineta:
— Mirene, estes senhores já jantaram; portanto, prepare um café para lhes servir.
Certa vez, dada a posição pouco cômoda em que Dr. Plinio se encontrava para almoçar, um dos amigos segurou a bandeja enquanto ele se servia dos alimentos. Em determinado momento Dª Lucilia percebeu a cena, inclinou-se um tanto para a frente e perguntou:
— Meu filho, você não se dá conta de que está cansando esse moço? — Mas, Dª Lucilia, se a senhora pudesse não faria o mesmo? — disse a pessoa que auxiliava Dr. Plinio.
Não convencida pelo argumento, ela se dirigiu novamente a Dr. Plinio:
— Mas meu filho, não se faz isso com os outros.
A acolhida dada por Dª Lucilia era graduada conforme suas disposições em relação a cada pessoa. Não era igualitária: naturalmente a uns estimava mais, a outros, menos. Mas sempre, para com todos, era de uma abertura, de uma lhanura comparável, conforme o caso, ora à luz de um dia ensolarado, ora à luz mais discreta de uma noite de luar. Seu afeto era estável e tranqüilo, sendo muito constante em suas amizades.


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