quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Ensinando a amar Nosso Senhor Jesus

Recordando o modo como Dona Lucilia lhe falava da doçura de Nosso Senhor, Dr. Plinio evoca seus primeiros encantos com o Divino Mestre e com a Santa Igreja, aos quais sua saudosa mãe lhe ensinou a amar desde a mais tenra infância.
Quando minha irmã e eu éramos pequenos, e nos preparávamos para a Primeira Comunhão, mamãe reforçava nosso curso de catecismo, contando-nos episódios da História Sagrada. E se hoje, passado tanto tempo, não sou capaz de distinguir os fatos que ouvimos dela e os que conhecemos na catequese, lembro-me entretanto do ambiente que mamãe criava ao narrar essa ou aquela cena do Antigo Testamento, uma parábola do Evangelho ou algum momento da vida de Nosso Senhor. Fazia-o de modo a nos imbuir dos sentimentos de piedade e devoção que um bom católico deve ter, ao se inteirar da história e da doutrina cristãs.
Salientava a doçura de Nosso Senhor e de Maria
Recordo-me de maneira especial que mamãe nos falava muito da doçura de Nosso Senhor Jesus Cristo e de Nossa Senhora, fazendo-nos compreender tudo o que essa doçura tinha de carinho, afabilidade e bondade verdadeiramente penetrantes. Ao mesmo tempo, ao dizer que “Ele era bom”, esse “Ele” vinha impregnado da ideia de uma majestade superior à dos reis, da infinita nobreza divina refletida, pela união hipostática, na natureza humana d’Ele.

Então, pelas descrições de mamãe, percebíamos como tudo quanto Ele fazia era repassado de serenidade, de significado, e de uma sabedoria que transcendia a qualquer outra no mundo. Tais eram a bondade e a superioridade absolutas de Jesus, as quais Dona Lucilia nos apresentava ao nos contar os episódios bíblicos. Sem deixar de nos fazer ver também — cumpre notar — um fundo de tristeza que transparecia no Divino Redentor, por causa da Paixão que sofreria por nós. Esse aspecto estava igualmente presente nas narrações dela.
Concepção lendária da Terra Santa
É preciso dizer, ainda, que mamãe imaginava um pouco lendariamente a Terra Santa. Quer dizer, para ela, os desertos da Judéia eram míticos e poéticos como os arenais de um Saara. Lembro-me de ela pronunciar certos nomes, por exemplo, Mar de Tiberíades: vinha de Tibério, imperador romano pagão, mas, ao dizer “Mar de Tiberíades”, na entonação da voz dela, parecia-nos ver as ondas se formando de modo prestigioso naquelas águas...
Quanto aos personagens do Antigo Testamento, mamãe os representava como profetas grandiosos, menos suaves e mais categóricos. Quando, mais tarde, conheci as imagens dos profetas do Aleijadinho, lembrei-me das descrições de Dona Lucilia e pensei: “Esses são bem os profetas que eu imaginava quando mamãe começou a me falar deles.”
Continua

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